Existe uma brincadeira que é a seguinte: há uma folha azul, com um ponto preto no meio. E pergunta-se às pessoas o que elas vêem. A maioria vê uma folha azul. Mas existem pessoas que só enxergam o pequeno ponto preto. Ou seja, 99% da folha está em azul, mas essas pessoas insistem em ver apenas o pontinho preto da folha.
É assim que tem sido este novo “governo” na Prefeitura. Como eles mesmos declararam há um forte trabalho de desconstrução da imagem do Governo Sérgio de Mello.
Ontem foi o setor Cultural a ser alvejado, numa estratégia muito inteligente e maquiavélica deste “governo”, pois divulgaram uma matéria neste jornal, no blog do “prefeito”, no site da prefeitura e também em entrevista a Rádio Cultura. Tudo muito bem sincronizado.
E qual será o pontinho preto de amanhã?
Uma idéia que se aplica a este novo “governo” com precisão é “se você não tem argumentos e projetos, então desqualifique seu adversário”. É exatamente isso que tem sido feito de forma sistemática. Todos os dias há uma distorção, uma manipulação, uma inverdade sobre o governo Sérgio Mello. Mas ora se as eleições acabaram no dia 05 de Outubro, então por quê essa imensa preocupação com o ex-prefeito? Seria o medo e a incompetência de não governar à altura?Na matéria veiculada ontem no Jornal O Guaíra a atual “gestora” Cida André e o “prefeito” falaram da Reforma da Casa de Cultura. Gostaria de desfazer alguns equívocos mencionados.
No começo de 2008 fizemos uma reunião com engenheiros e chegou-se a conclusão que a reforma ideal para a Casa de Cultura seria em torno de mais R$ 800 mil reais. Seria preciso reforma no telhado e na calhas, a climatização do cineteatro, substituição das poltronas, iluminação e som para o palco, adequação das salas pra exposição, reforma elétrica, troca do carpete em toda sua extensão, troca de toda vidraçaria do espaço, pintura interna e externa, etc. Portanto sabendo da dificuldade decidimos dividir a reforma em etapas, optamos por priorizar o espaço externo e o hall de entrada. Lembro-me que muitas pessoas diziam que quando caminhavam ao redor do Parque Maracá não viam a Casa de Cultura, por isso a necessidade de dar Vida Nova ao espaço externo.
Esta primeira etapa teve um investimento de R$ 140.620,83. E havia um planejamento de outras etapas a serem concluídas. Segue aqui a especificação do orçamento executado.
A Revitalização foi executada em seis fases:
Fase 1 – Serviços Preliminares (Remoção de piso carpete, demolição de contrapiso, canteiro de obra). Total de R$ 6.580, 65.
Fase 2 – Movimento de Terra (Piso interno – cimentado de regularização para piso de granito, piso de granito São Gabriel 60X60cm, rodapé de granito. Piso Externo – piso mosaico português sobre lastro de areia). Total de R$ 32.557,48.
Fase 3 – Pintura (Pintura interna de paredes, Pintura de teto, Pintura externa de paredes, pintura de esquadrias). Total de R$ 37.114,23.
Fase 4 – Serviços complementares (Porta em vidro temperado, fechamento em lambri de madeira curupixá, mesa curva fabriada em MDF com acabamento, marquise metálica em chapa dobrada, totem 1,10X2,00m da Entrada Principal, Totem – 2,00 X 4,00 m da Entrada do Parque, revisão geral da cobertura). Total de R$ 52.661,06.
Fase 5 – Instalação Elétrica (instalação elétrica em geral, espeto de jardim cor preta, lâmpada fluorescente, lâmpada de jardim). Total de R$ 7.949,21.
Fase 6 – Limpeza Final da Obra. Total de R$ 3.758,20.
Total Geral da Reforma R$ 140.620,83.
Então pra deixar bem claro, o prefeito Sérgio Mello foi o primeiro Gestor a priorizar e fazer uma grande intervenção na Casa de Cultura.
Pois bem a Casa de Cultura têm mais de 30 anos de existência, foi planejada e construída pelo ex-Prefeito Aloízio Lélis Santana, um marco pra época. Acontece que neste meio tempo, poucos gestores atentaram para esse espetacular Espaço Cultural. Imaginem se nesses 30 anos todos os governos tivessem feito sua parte, como não estaria a Casa de Cultura hoje? Mesmo o atual “prefeito” Zé Carlos que esteve lá por 1 ano 9 meses e 15 dias por quê não fez reformas amplas no espaço? E agora insiste em enxergar o pontinho preto da folha azul. E pelo visto serão assim os próximos quatro anos: pouca ação e muito falatório.Só pra se ter uma idéia de como esse governo olha o pontinho preto e esquece do restante da folha: foi montada uma recepção com mesa extensa no hall de entrada para o atendimento ao público. Mas a atual gestão prefere atender o público numa salinha apertada...
Outros dois projetos que foram planejados para o desenvolvimento Cultural de Guaíra, pois a Casa de Cultura já não comporta todos os projetos, atividades e eventos ali abrigados: seriam a construção ou adequação de espaço próprio para a Biblioteca Pública Municipal e construção de um novo Centro Cultural. Esses sim são problemas reais e cabe ao “governo” dar continuidade às verdadeiras necessidades do município, ao invés de inventar problemas.
Como ex-Coordenador de Cultura me coloco a disposição pra qualquer esclarecimento sobre as ações culturais do município na ânsia de colaborar para o desenvolvimento cultural de nossa cidade. Na semana passada, fui convidado para participar de reunião da AGCIP para discutir novos projetos que algumas cidades poderiam ser contempladas, mas abdiquei do convite e sugeri ao presidente Edemilson do Vale que convidassem a atual “gestora” para oficializar a participação da Prefeitura junto à AGCIP. E é assim que sempre me colocarei ao desenvolvimento cultural de Guaíra, disposto a contribuir e não a jogar pedras, ou atrapalhar, ou enxergar apenas o pontinho preto.
Finalizo deixando três perguntas para este novo “governo”:
A “gestora” atual tem a pretensão de dar continuidade às reformas da Casa de Cultura ou de construir um novo Centro Cultural?
O senhor “prefeito” vai continuar os atuais investimentos de cultura que no ano de 2008 foram de 3%? (Um dos maiores do estado de São Paulo e que tornou Guaíra referência regional).
E quando é que este “governo” vai parar de falar em governar e vai realmente começar a governar?Alex Queli Tomé é Gestor Cultural, Diretor Social da AGCIP e ex-Coordenador de Cultura. Vencedor do Festival de Gramado em 2005.
